sexta-feira, 30 de agosto de 2013

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

ECLIPSE I E II FOTOGRAFADOS POR CLAUDIA HIRSZMAN


Trabalhos expostos na feira de arte ARTIGO no Centro de Convenções SulAmérica - Rio 2013.
foto de Claudia Hirszman.

ENTREVISTA

Conversando sobre Arte entrevistado Paulo Jorge Gonçalves

O artista participou da ARTIGO-2013 com trabalhos no Escritório de Arte Marcia Zoé Ramos e na FaceArte.


Quem é Paulo Jorge Gonçalves? 
Sou carioca. Sou filho de pai militar e mãe artesã. Nasci em 10 de abril de 1969, no Rio de Janeiro – onde sempre vivi. Tenho esta cidade como marca influente em minha vida. Falo com orgulho. O Rio que, aqui, menciono não é só o mundinho eleito pela mídia. É, também, os cantos e recantos que nós, os verdadeiros cariocas, conhecemos e usufruímos com alegria; como por exemplo, a riqueza da baixada fluminense, o charme do subúrbio carioca... Sou fruto destes lugares, dos ônibus cheios de trabalhadores, dos operários que esquentam a cabeça no sol de 40°graus, dos artesãos que embelezam a cidade... Sou filho do Rio. Carrego o Jorge em meu nome como santo de devoção familiar e, também, como um símbolo de minha “carioquice”.  Estudei em uma escola religiosa que exortava em nós o desejo de conhecer o universo do mundo das artes (em particular, o desenho e a poesia). Esse período foi de suma importância para o encaminhamento da minha vida profissional e acadêmica; por isso, a opção pela Arte de Lecionar: a primeira graduação em Pedagogia e a segunda, em Arte Educação.

 Como foi sua formação artística?
Cresci cercado pelos apetrechos do trabalho (que admiro) de minha mãe – os tecidos, as tintas, os papéis de todos os tipos, as tesouras... , enfim, tudo o que um artesão usa no dia a dia e vivenciando a genialidade (que admiro) de meu pai para a construção.
Meu brinquedo preferido na infância eram as canetinhas coloridadas (canetas hidrográficas). Desenhava por horas a fio, era a coisa que mais me entorpecia naquela época.
Como sempre fui morador do subúrbio carioca, cursos de arte ficavam bastante distantes. Então, comecei a colecionar tudo que caía em minhas mãos sobre o assunto. Tinha coleções que se compravam em fascículos nas bancas de jornal. Aos 11 anos, eu poderia não saber muito sobre português e matemática; entretanto, se me pedissem para falar sobre um determinado pintor como Alfred Sisley ou Jean-Auguste Dominique Ingles, eu recitava todo o histórico decorado das tais coleções. Tinha também por hábito colecionar matérias da imprensa escrita que guardava em pastas e ia lendo e relendo sempre. Ainda bem jovem, eu já lia de forma fragmentada sobre arte contemporânea, as pesquisas da década, o que era um conceito de arte. O fruto deste caleidoscópio de informação foi bem interessante.
Somente na segunda fase da minha juventude, pude me distanciar e ir ao encontro de cursos de arte propriamente dito. Mesmo assim as viagens eram sacrificantes. Fui para o Parque Lage aprender pintura e tive cursos com João Magalhães, Malu Fatorelli e José Maria Dias da Cruz. Para a graduação preferi cursar a licenciatura a fim de unir as minhas duas paixões: a arte e a educação.
Uma imensa curiosidade me fez procurar gravura e no ateliê do SESC Tijuca. Lá, pude ter uma troca bastante enriquecedora com Gian Shimada, que em sua metodologia de ensino, presenteava-nos com a oportunidade de desenvolver um trabalho a partir de nossas pesquisas.

Que artistas influenciam seu pensamento?
Minha primeira influencia, foi minha mãe e suas mãos primorosas. 
A segunda, foi como mencionei, minha coleção de recortes de jornais e revistas – estes me apresentaram um panteão de ideias e um mundo de artistas a eleger.
A grande paixão inicial foi, como para muitos, sem dúvida, Paul Klee. Aquelas obras me encantavam e encantam até hoje.
Traçar uma única influencia é difícil, por se tratar de um país tão plural como o Brasil e própria arte contemporânea.
Percebo que bebi e me embriago em diversas fontes; por exemplo, como as experiências do neoconcretismo brasileiro, a arte minimalista, a pós- minimalistas e tantas outras. Registro, também, aqui, o meu gosto pela pesquisa da poética por traz de um trabalho. Eva Hesse, Sol Lewitt, Carl Andre, Robert Smithson, Robert Morris, Richard Long, Richard Serra,  Matt-Clark…
Uma particularidade que não posso negar, é que sendo arte-educador eu fomento, incentivo, estímulo meus alunos; contudo, tenho a certeza de que sou nutrido, sustentado por eles. Pois de forma inconsciente eles me trazem a todo instante ideias, frases, pensamentos e atitudes que vão construindo e fortalecendo  minha memoria poética.

Como você descreve sua obra?  
Trabalho com algumas mídias bem conhecidas: o desenho, a pintura, a gravura e a fotografia. O interessante é que mesmo nestas vias, fujo um pouco do peso que elas têm na historia da arte. As minhas gravuras (as minhas composições mais expostas ao público) representam não como um gravador típico: matriz, cópias numeradas e ponto final, mas atípico. A matriz é gênesis de um trabalho muito maior, possibilita espalhar uma proposta. Cumprindo sua função prática, origina cópias. Cito como exemplo, os meus trabalhos que denomino de ocupações. Eles são matrizes que originam cópias e que são espalhados por um ambiente no processo site específico, pois o objetivo maior e estar em todo o espaço “contaminar” e ocupar.
Muitas das minhas copias funcionam como peças de armar. Um jogo lúdico. Faço peças para colar na rua, intervir na paisagem e criar diálogos com o povo.  Outas cópias não são para ser expostas diretamente, uso para experiências, performances. O que resulta disso são fotografias destas experiências: já congelei uma gravura, já dei forma a elas para levar a rua, já carimbei partes do corpo.
Trabalho com contrastes, com o lugar da arte, com a arte fora e dentro do espaço tradicional. Não sou de ter apenas um assunto, estou aberto a experiências e a transgressões.

É possível viver de arte no Brasil?
De certa forma posso afirmar que vivo de arte; afinal, sou, também, arte-educador. Infelizmente, a parcela que trabalha com arte não é levada a sério por nossos camaradas artista, e no dia a dia recebem uma atenção mínima dos que lidam com educação. 
Quanto à venda da produção, é uma questão de mercado e de quem privilegia uns em detrimento de outros.
Constato que muita gente boa esta fora de galerias; pois, em muitos casos o que vale são acordos, como a maioria das situações brasileiras. Tudo passa por uma palavra: Articulação. Ser mais ou menos articulado é o vai determinar – e muito – o seu sucesso na vida profissional.

 A qualidade do material brasileiro para gravura já apresenta qualidade adequada?
O Brasil tem sérios problemas em relação ao material. Iberê Camargo já, na década de 70, travou uma verdadeira guerra com o governo; por afirmar que a indústria de materiais de arte brasileiros não servia nem para estudo de iniciantes.
Não há como fazer uma comparação com os materiais importados que por sinal têm preços absurdos para nós artistas/povo.
Em relação à gravura, os materiais do exterior são melhores, principalmente, no caso dos papéis. Eu uso atualmente um papel produzido na Argentina. Por sinal em minha última viagem à Argentina, comprei goivas maravilhosas que estou usando na maioria dos meus trabalhos. Mais um artista nunca se limita a isso. Picasso dizia que se não tivesse material para realizar seus trabalhos faria com suas fezes. Bispo do Rosário, um dos maiores artistas do mundo, criou com restos e lixo.

O que você pensa sobre o preço das gravuras em nosso meio?
Não sou adepto deste povo que carrega o estandarte da gravura como um dogma e ao mesmo tempo como uma bola e corrente. Adoro Faiga e seu trabalho, mas não concordo com aquele papo de que gravura é musica de câmara e o próprio trabalho dessa dama da arte brasileira era na verdade uma ópera completa.
Sabemos do histórico da gravura como reprodutora de imagens, desde a idade média até a revolução modernista, quando essa técnica artística torna-se uma mídia tão importante quanto à pintura e à escultura.
O artista que se dispõe a trabalhar com gravura na contemporaneidade tem que ter em mente que a gravura é apenas um meio, um viés de comunicação como qualquer outro, nem pior, nem melhor, nem superior ou inferior. Um meio que atenda suas pesquisas e objetivos.  Os “dogmas” e o descaso de galeristas e colecionadores criaram o que chamo de preconceito e fetiche por esta arte.
Preconceito por classificá-la como arte menor, devido a sua difícil conservação e de ser menos valorizada por não ser única.
Fetiche por ter uma questão de idolatria conturbada pela técnica e o encanto artesanal envolvido E todo aquele papo de “cozinha da arte” relacionado aos ateliês de gravura.
Juntos estas questões e o que temos é: Consequentemente o preço da gravura sempre será bem inferior às outras artes (o desenho e aquarela também pagam este débito).
Tudo isso leva a um ledo engano.  Podemos constatar que há livros manuscritos da idade média, que são obras de arte feitas em papel.
Sei por leitura que em leilões sérios (internacionais) que uma boa gravura de Picasso sai por preço bem mais elevado que um quadro em óleo de qualidade menor dele. – é claro, que foi analisado o nível e a qualidade tendo como base o próprio Picasso, deixando bem claro.
Como em muitas coisas em nossa terra falta estrutura e empreendimento. É sabido que tanto nos Estados Unidos da América do Norte como na Europa a indicação da gráfica onde foi impressa a gravura e suas técnicas somam um peso considerável ao trabalho (ajudando assim a determinar o preço). 
Como referência, menciono a Gemini e a Tyler Graphics que oferecem um recurso imenso aos artistas contemporâneos no desenvolvimento de seus trabalhos. Artistas como Jonathan Borofsky, Robert Longo, Jennifer Bartlett, Chuck Close e muitos outros que são pedras da contemporaneidade, puderam produzir uma excelente obra gráfica e com preços significativos porque contam com uma sofisticação e uma estrutura que nos faltam.

Além dos estudos sobre arte que outros estímulos influenciam em seu trabalho?
Uns dos estímulos, já mencionados, são os meus discentes, por serem portadores de uma bagagem interminável de diálogo. Acredito que fazer arte e ser artista é ter um canal de energia, que purgará as influências diversas a todo o instante. Cinema, teatro, dança musica, aspectos sociais, sexo, religião... Tudo age como fator de influencia e estímulo.
As manifestações nas ruas tem feito com que eu vomite diversas aquarelas e desenhos.
Trabalho com aglutinação repetida e me empolgo com a massa das pessoas no metro, nas feiras, nas ruas. Mesmo não sendo figurativo o humano está muito presente em minha obra.

Você tem uma rotina de trabalho?
Eu tenho uma rotina pesada e estressante de trabalho, mas minha mente pensa em arte o tempo todo. Seleciono, julgo, elaboro, decido o que pode ou não ser transformado pela fatura em objeto de arte. Dedico alguns dias da semana para esta fatura, mas claro que há aqueles filhos que teimam em nascer na madrugada de insônia depois de um longo e extenuante dia de trabalho. O que fazer? Criar e deixar o filho/obra vir ao mundo.

 O que você pensa sobre os Salões de Arte? Alguma sugestão para aprimorá-los?
Existem salões sérios e existem alguns “picaretas” – aqueles que não oferecem ao artista participante qualquer patrocínio, como se fizessem um grande favor em expor sua arte. Questiono, então, o valor de nosso trabalho.  Pois, desde o profissional que irá trocar a lâmpada quando, por ventura, se queimar ao curador do salão de arte, todos receberão por seu trabalho; mas, quanto ao artista, ele terá apenas uma etiqueta ao lado da obra que ele que produziu. Isto é um lado bem negativo do nosso trabalho.
Outra questão que me intriga são os critérios de seleção. Participei de uma palestra onde curadores de um determinado salão estavam se propondo a “explicar” que tipo de trabalho os artistas deveriam produzir para poder participar desse salão. Fica a pergunta: Devemos nos adequar aos salões de arte? Ou eles estão ai para propagar nossas experiências?
Se arte é pesquisa, é estudo, é holística, é ao mesmo tempo coletiva e individual, ocorre, nesse tipo de situação, o que já mencionei, muita produção boa ficando fora das vistas do público. Alguns são selecionados meramente por se articular ou se enquadrar na proposta que a bancada quer. O que a curadoria anseia em mostrar.
Acredito que os salões deveriam buscar pesquisas sérias em arte e não um molde do que se deve ou não estar fazendo. Respeitar os universos poéticos de cada um. Estamos, hoje, voltando ao tempo da academia, quando o artista devia seguir uma determinada norma. Gosto muito das coisas que fogem aos modelos impostos.

Quais são seus planos para o futuro?
Quero administrar e articular melhor o meu trabalho, para assim participar com mais afinco das questões de venda, do mercado, das mostras... Produzir cada vez mais que, sem dúvida, é o mais gostoso nesta brincadeira toda.  Jamais parar de buscar esta inquietação e esta pesquisa de possibilidades, a transgressão que tanto me encanta. Trocar constantemente com o publico e ter estas respostas que alimentam a todos nós.


Ocupação I


Ocupação II


Oferenda, 2012.


Totem.


Sem título.


Sem título


Sem título.


Ascendente.


Coluna.


Curva.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

ENTREVISTA NO ARTARTE

Conversando sobre Arte entrevista com Paulo Jorge Gonçalves, RJ O artista participou da ARTIGO-2013 com trabalhos no Escritório de Arte Marcia Zoé Ramos e da Face Arte. http://arteseanp.blogspot.com