quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

PAULO JORGE GONÇALVES POR DENISE RAMOS

Paulo Jorge Gonçalves é o artista plástico que consegue arrebatar em minha alma; em meu sangue. É quase visceral para mim. Suas obras sejam elas aquarelas, xilogravuras, fotografias ou o grafite, São movimentos em direção ao meu olhar, inquietando-o tanto que uma imobilidade envolve meu corpo e não consigo sair de frente da obra até que seja totalmente assimilada pela minha essência de historiadora, mas mesmo sem o racionalismo que nos é peculiar.
Passo pela História de forma atemporal e sinto profundamente o sagrado Feminino no que faz. Parece-me um traduzir da ancestralidade feminina, pois utiliza as formas circulares sempre em comunhão com outro elemento, como se gerasse vida em cada traço que se conecta com o todo da tela.
Eu considero a obra útero ( uma técnica mista feita de aquarelas,  grafite e com seu  ovo no centro que é uma impressão xilográfica), como a melhor expressão deste feminino. Extremamente forte, como uma possibilidade de geração de algo, extremamente novo, provocante e transformador dentro de mim assim que consigo parar a contemplação.
Não há inércia na obra de Paulo Jorge Gonçalves, tudo se realiza no movimento em espiral em direção a quem vê. E como se o vento passasse e trouxesse todos os odores da vida, os perfumes mais efêmeros, a saudade daquilo que ainda não se vislumbrou.
Já possuo a obra : “ Quadrado negro sobre poste” em minha sala, na qual termino meu dia , numa pequena galeria de arte, ao lado de Darel, Iwao e Estella Canziani. A arte rememora, fortalece, inquieta, esculpe novas formas em nossa alma, imprime vida ao dia-a-dia que se torna morno ao longo do tempo.
Uma obra de arte em um ambiente o torna sagrado. Tão sagrado quanto nossos ancestrais, pois nos lembra sempre que a vida é fluídica, provocadora e acima de tudo, que tem momentos únicos que não podem ser perdidos, precisam ser registrados, por nossas retinas ou pelas mãos, olhar e coração de um artista como Paulo Jorge Gonçalves.

Texto Denise Ramos

Mestre em História comparada da Universidade federal do rio de janeiro (UFRJ) , Pesquisadora associada ao grupo Poderes e vulnerabilidades ( UFRJ), pesquisadora associada ao laboratório de Estudos da Diferenças e desigualdades Sociais ( LEDDES) ligado à Universidade do Estado do Rio de Janeiro ( UERJ)




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